Cachaça da Fazenda Salinas ganha selo de produto orgânico

Em meio a um mercado cada vez mais exigente, que busca produtos mais naturais e sustentáveis, os produtores rurais têm investido para atender o consumidor final. Uma dessas formas é a certificação orgânica, que além de garantir a qualidade, atesta que a produção é sustentável nos pilares econômico, ecológico e social.

Em Minas Gerais, já foram conquistadas 1.002 certificações de orgânicos, distribuídas entre diversos produtos. Recentemente, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que já concedeu 26 selos orgânicos, certificou mais uma cachaça como orgânica: a bebida produzida na Fazenda Salinas, no Norte de Minas Gerais.

Além da sustentabilidade e qualidade certificadas, pelo processo e diferencial de produto, normalmente, há também um maior valor agregado ao produto final, que gira em torno de 30%.

De acordo com o gerente de Certificação do IMA, Rogério Fernandes, o processo para a obtenção da certificação orgânica exige investimentos e dedicação, já que diversas regras devem ser atendidas.

Para obter a certificação, o produtor utiliza práticas que conservam e preservam o solo, a água e a biodiversidade local. Na produção orgânica não são utilizados agrotóxicos, adubos químicos sintéticos, organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes.

“O produtor precisa conhecer as regras, as normas da produção orgânica para adequar e pleitear a certificação. A certificação precisa de um cuidado extremo com a rastreabilidade. O produtor precisa anotar e registrar tudo”, aponta.

Ainda segundo Fernandes, no caso da certificação da cachaça orgânica,  foi feito um levantamento sobre todo o histórico da área em produção, levando em conta informações até mesmo do que se plantava antes da cana e o manejo que era utilizado.

“Também é levantado e avaliado desde quando o produtor começou com a produção orgânica, as áreas de reserva, licenciamento ambiental, outorga de água, separados e identificados todos os talhões, por exemplo. Todas as mudas devem ser orgânicas e com notas fiscais, entre outros. A rastreabilidade é importante porque através dela se consegue contar a história de como a cachaça é feita e o que é usado em todo o processo”.

Na produção orgânica, não são usados fertilizantes, adubos e defensivos químicos. Todo o controle de doenças e manejo devem ser feitos com produtos naturais. Para o controle de pragas, por exemplo, são usados produtos biológicos.

“No fim de todo o processo para a certificação da produção como orgânica, o produtor passa a ter também a propriedade na ponta dos lápis, a ter uma gestão mais eficiente e sustentável”, disse.

Quando o produto conclui toda a etapa de transição do sistema tradicional para o orgânico e solicita ao IMA a certificação, são feitas diversas avaliações que garantem que o processo de produção atende aos requisitos.

“São feitas auditorias, entrevistas, observações visuais e análise dos documentos. Caso tudo esteja correto, a certificação é concedida e o produtor tem o direito de usar o selo”.

Ainda segundo Fernandes, mesmo após a conquista, as propriedades continuam sendo vistoriadas, a cada ano.

Além dos ganhos ambientais e da produção mais sustentável, o mercado para os produtos orgânicos é crescente e tem consumidores disponíveis a pagar um preço mais valorizado pelo produto diferenciado e seguro.

“A certificação orgânica traz o benefício da produção mais sustentável, mais organizada, mais competitiva e com qualidade. Essa produção demanda mais trabalho e tem custos mais elevados e, por isso, é justo que tenha preços diferenciados”, explicou.

Em Minas Gerais, a busca pela certificação orgânica é crescente. Na cachaça, o número ainda é incipiente, mas pode crescer. No Brasil, são 31 cachaças orgânicas, destas, quatro são de Minas, sendo que três selos foram concedidos pelo IMA. São elas: Salinas, Flor das Gerais e Pirapetinga.

Somando todos os produtos orgânicos certificados, são 23.925 no Brasil, sendo que 1.002 estão em Minas Gerais. Os produtos são bem diversos e incluem a cachaça, hortaliças, queijos, leite, morango, manga, silvicultura, pescado, geléia, café, entre outros.

No Estado, a certificação de orgânicos feita pelo IMA é gratuita para os agricultores familiares.

Selo SisOrg

O IMA detém a chancela de Organismo Certificador de Produto (OCP), concedida pela Coordenação Geral de Acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Essa acreditação permite ao IMA certificar produtos com base em princípios internacionais, considerados de grande confiabilidade. A autarquia é acreditada para certificar qualquer produto orgânico de origem animal ou vegetal, primário ou processado.

diariodocomercio

No Comments

Sorry, the comment form is closed at this time.