Projeto em fazenda de Itirapina produz leite orgânico buscando reduzir emissões de gases estufa

Dois amigos de Itirapina (SP) estão produzindo leite orgânico com a menor emissão possível de gases causadores do aquecimento global.O projeto começou em julho de 2021 em uma área com 180 hectares arrendada de uma fazenda. Hoje, 200 vacas produzem, por dia, quase 4 mil litros de leite orgânico.

Esse tipo de leite é produzido sem o uso de agrotóxico e fertilizantes químicos na alimentação do gado.

“Dessa forma a gente faz a adubação orgânica, até bacana porque a gente promove uma agricultura regenerativa do solo. Os animais também não podem fazer o uso de hormônios. Existem limites para uso de medicamentos, então a gente trabalha em cima da prevenção das doenças dos animais. A alimentação também tem que ser na base orgânica, então a gente produz todo nosso volumoso e os outros concentrados, as rações, a gente compra de empresas certificadas orgânicas”, disse a veterinária Diana Castro.

Medidas

 

Para chegar a essa marca, a dupla de amigos teve que tomar algumas medidas. O primeiro passo foi apostar no bem estar dos animais. Os bichos, que ficavam soltos no pasto, agora vivem em um sistema de semi-confinamento.

Eles podem escolher ficar num galpão com ventiladores. O espaço é forrado por um composto de pó de serra chamado “compost barn”. Depois de certo tempo de uso, esse mesmo composto vira adubo.

Os animais também passaram a tomar banho de aspersão três vezes ao dia, antes de cada ordenha. Com todas essas mudanças, os cuidados renderam ao projeto um certificado internacional de Bem Estar Animal.

 

Para diminuir o uso do trator e, consequentemente reduzir a emissão de gás, os sócios deixaram de cultivar milho e sorgo para gado e só plantam capim. Mas são as próprias vacas que geram um dos principais gases poluentes: o metano. Enquanto fazem a digestão e ruminam, os animais liberam o gás pela narina e pela boca.

“Hoje, aproximadamente, de todo o processo produtivo – desde aquele que envolve o metabolismo dos animais, o transporte do leite, as operações mecanizadas da fazenda, a eletricidade, a embalagem, a industrialização -, por incrível que pareça, cerca de 70% do conjunto da obra das emissões vem do metano”, destacou Laranja.

Pó adicionado à ração

Para diminuir essas emissões, um pó é adicionado à ração do gado em Itirapina — Foto: Reprodução/EPTV

Para diminuir essas emissões, um pó é adicionado à ração. Durante a digestão, a substância inibe a atuação de microorganismos da vaca que geram metano. As vacas continuam ruminando, mas liberam um gás muito menos nocivo ao planeta.

Plantio de árvores

Os sócios também investiram na compensação ambiental. Seis hectares do pasto viraram floresta. A ideia é que as árvores, durante todo o ciclo de crescimento, consumam o carbono emitido pela propriedade.

Em um ano e meio de projeto, mais de 9 mil árvores foram plantadas na fazenda, nesta área onde antes só tinha pasto.

A cada 150 litros de leite produzidos, uma árvore é plantada. São todas espécies nativas, justamente para recuperar a vegetação original.

O trabalho rendeu o selo Carbon Free, concedido por uma organização não-governamental a empresas que neutralizam o carbono que geraram.

O leite produzido é envasado em Itapira, na região de Campinas, onde também são feitos queijos, coalhadas e outros derivados vendidos em oito estados.

Os donos investiram cerca de R$ 20 milhões no projeto, sendo um terço do valor financiado e o restante veio de capital dos próprios sócios. “Começar a recuperar o capital dentro de dois a três anos”, disse Laranja.

g1

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