Por que fazer compostagem em casa?

De acordo com dados do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2021, da Abrelpe, cada pessoa que vive no Brasil gera, em média um pouco mais de um quilo de lixo por dia. Bastante, né? Mas existe uma maneira simples de reduzir em boa parte o “lixo” da nossa casa: a compostagem. Podemos dizer que compostar é uma maneira de “reciclar” os resíduos orgânicos que produzimos no dia a dia, como cascas de frutas e legumes, restos de alimentos, pó de café e outros exemplos.

Estes resíduos orgânicos representam cerca de metade do nosso lixo doméstico. E, com a compostagem, todo este material pode transformado, deixando de ser um problema para se tornar uma solução.

“Fazer compostagem em casa obviamente reduz a quantidade de lixo orgânico enviada para aterros sanitários e lixões. Mas também permite que o chorume e o comporto orgânico sejam utilizados como fertilizante natural para hortas domésticas, quando, num aterro sanitário ou lixão, ele se tornaria tóxico”, diz Paula Costa, fundadora da consultoria agroflorestal Pretaterra.

Com a compostagem é possível promover a decomposição dos resíduos orgânicos, de forma controlada e otimizada. O nosso “lixo” segue o mesmo caminho que seguiria na natureza tornando-se matéria orgânica que vai enriquecer o solo, fechando um ciclo natural.

Paula e Valter Ziantoni, outro fundador da Pretaterra, ressaltam que é possível aplicar princípios agroflorestais nas hortas domésticas – por exemplo, o da sucessão e o da estratificação – e que, no geral, a compostagem tem tudo a ver com agrofloresta. “Ela replica um processo natural que ocorre na serrapilheira, ou seja, no chão de uma grande floresta”, diz Valter.

Na rotina doméstica, além de diminuir a quantidade de lixo enviado aos aterros, a compostagem pode incentivar a jardinagem e o cultivo de alimentos – que podem acontecer mesmo em apartamentos ou espaços reduzidos. Além disso, ao dar um novo destino aos resíduos orgânicos, deixamos os materiais recicláveis que são descartados mais limpos já que eles não se misturam com possíveis restos de comida, cascas de frutas, pó de café, chás e outras coisas.

Tipos de compostagem

Existem três tipos de compostagem. A tradicional, com minhocas, chamada de vermicompostagem ou minhocultura, é adequada para apartamentos, casas e espaços pequenos no geral. Ela pode ser feita em caixas ou baldes, que podem ficar na varanda ou no quintal, por exemplo.

Os outros dois tipos são próprios para áreas maiores: a compostagem termofílica, em que os resíduos são dispostos em leiras ou em camadas de orgânicos com material seco, e se decompõe com a atuação de microorganismos em temperaturas altas (o que dá origem ao nome), e a compostagem laminar, realizada na superfície do solo em fazendas, sítios e chácaras.

A compostagem termofílica ou laminar tem como vantagem o fato de receber todo tipo de resíduo orgânico, enquanto que os minhocários têm algumas limitações (veja abaixo). Outra vantagem é que as quantidades compostadas são muito maiores, o que torna o método indicado para a compostagem comunitária, compostagem de condomínios ou empresas.

Para se realizar a compostagem termofílica é necessário um espaço maior e o método pode ser usado por quem tem uma área disponível e gere uma quantidade maior de resíduos orgânicos. O princípio é cobrir camadas de orgânicos com material seco, rico em carbono, e garantir a presença de oxigênio neste espaço, para que as bactérias possam respirar e decompor os resíduos.

Existem também pátios de compostagem que mantidos por órgãos públicos, como prefeituras, ou por empresas e outras instituições. Algumas empresas e cidades inclusive oferecem o serviço de coleta de resíduos orgânicos, que são levados para seus pátios de compostagem.

Minhocários

Na versão com minhocas, três caixas ou baldes são colocados um em cima do outro, formando três andares, com furos entre eles. Nas caixas superiores, deve-se intercalar camadas de resíduos orgânicos com matéria seca, que pode ser serragem (desde que a madeira não tenha nenhum tratamento ou componente tóxico, como tinta e verniz), folhas secas ou até mesmo papelão bem picado (caixas de ovos podem ser reaproveitadas aqui).

As minhocas que estão nas caixas vão digerir a matéria orgânica e o resultado é o húmus de minhoca, que pode ser aplicado diretamente na terra. Outro produto do minhocário é o “chorume” um líquido preto formado pela decomposição da matéria orgânica que escorre e fica acumulado na última gaveta da composteira. “Uma dica é aplicar o biofertilizante apenas uma vez por semana, para não sobrecarregar as plantas”, diz Paula.

Este chorume pode ser usado na rega das plantas, usando-se uma medida do líquido para cerca de 10 medidas de água. Ele também pode ser diluído em água e borrifado sobre as plantas que se dão bem com adubação foliar.

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