Projeto “Roça Escolar” incentiva produção de alimentos na Aldeia Indígena
Aproveitar os poucos 230 metros de terra que cada morador indígena tem nas Aldeias Jaguapiru e Bororó e dali retirarem o alimento e garantir a independência financeira são os propósitos de um projeto inovador dos professores do 6º ao 9º , do Ensino Fundamental da Escola Municipal Indígena Tengatui Marangatu.
A “Roça escolar”, Kokue, em guarani, é um campo experimental de 12 mil metros quadrados de solo, com variedades como mandioca, feijão, arroz e batata doce e objetiva fornecerem alimentos e sementes para o plantio na comunidade.
Todas as sementes são crioulas, ou seja, tem capacidade de resistirem a momentos prolongados de sol e chuva. Coordenado pelo professor Cajetano Vera, mestre em Desenvolvimento Local e professor de Ciências Naturais, o projeto iniciado no segundo semestre de 2017 realizou a primeira colheita durante a Semana dos Povos indígenas que termina neste dia 20 de abril.
Da sala de aula para a Roça Escolar os conceitos de matemática, história e biologia se encaixaram com as aulas de campo. A medição da área, o distanciamento de uma cova para a outra, bem como o cálculo médio do peso dos alimentos por cada pé plantado teve na matemática, a base do conhecimento. “Ao destacar, por exemplo, que cada pé de mandioca pode pesar até dois quilos significa que além de se alimentar pode comercializar e obter a liberdade financeira”, disse o professor Cajetano Vera, incentivador do projeto para que as famílias façam a própria roça no quintal e que tenham o mínimo de alimento. A partir do trabalho na roça e as reflexões da vida indígena o estudante é incentivado a produzir alimentos orgânicos “com as sementes que estarão à disposição a partir da criação do banco de sementes na Escola Tengatui Marangatu”, destacou o professor.
O educando Claudionor Paulo Cepre, 8º ano, já fez a tarefa de casa e plantou em seu quintal mandioca e milho. “Eu aprendi a lidar com a terra e o meu sonho é ter a minha própria roça e poder ajudar a comunidade e aqueles que não têm alimento e precisa de ajuda”, expôs Claudionor que vê nesse projeto uma possibilidade de ter uma vida melhor.
Durante o evento em comemoração aos indígenas, Cajetano Vera, estudantes e demais professores fizeram uma demonstração que escola, universidade e instituições públicas podem caminhar juntas para melhorar a situação de vida nas aldeias de Dourados. Cada qual na sua área colabora com o necessário para o êxito da Roça Escolar.
A Secretaria de Agricultura familiar fez a mecanização, os bancos de sementes dos municípios de Caarapó e Juti doaram as sementes crioulas, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) atua através da Educação no Campo e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), Polo Gloria de Dourados, também doou sementes.
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